sexta-feira, 8 de outubro de 2010



Leciono para uma turminha do 2° ano e venho observando mais atentamente os meus alunos.
Já havia percebido a carência afetiva deles, mesmo nos alunos do 1° período o qual já lecionei; é uma turma pequena de uma pequena cidade do interior onde todos se conhecem. O grau de comparação, de se inferiorizar é muito grande. Chegando ao ponto de chorarem e desmotivarem enormemente por não se saírem bem em atividades recreativas ou avaliativas.
Lembra-me quando era vendedora, tinha um leão para matar todos os dias. Éramos como disse nosso gerente regional em nossa 1° reunião: - Vocês são peças de uma grande máquina. Uma peça que estraga é substituída.
Para ter um bom salário e preservar nosso emprego, tínhamos de estar em 1° lugar no ranking.
Ansiava o 1° lugar. Todos o desejavam. Todos por ele sofriam. Levei muito tempo para começar o aprendizado de discernir entre querer ser e me capacitar para ser a melhor ao invés de querer ser sem nada fazer, querer ser o outro e não EU. Ainda estou aprendendo, mas já sei o que é certo para mim.
Eu era já adulta quando vi a comparação, inveja... de perto, mas estou vendo isso em crianças. Meu Deus é insano isso!
Eu me lembro de fatos em que posso descrever essas emoções quando eu era criança, mas não com esse teor.
Assusta-me a necessidade de saber da vida alheia, a agressividade, a falta de respeito e até algumas maldades. Como educadora, muitas vezes me sinto amarrada, só tenho a certeza de que meus alunos não são peças. São tão insubstituíveis quanto Mozart, Beethoven, Einstein, Madame Curie, Frida Kahlo.
                                                                                                    Ana Paula Xavier

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